O universo dos motores de busca e do marketing de afiliados está em ebulição. Depois de meses de controvérsia envolvendo o Google e suas atualizações de políticas, agora é a vez da Microsoft, com seu Bing, ocupar o centro das atenções – e pelos motivos errados.
Uma descoberta feita pela equipe da PartnerCentric revelou que o Bing tem escondido seus próprios links de afiliados nos resultados orgânicos de pesquisa. Essa prática levanta questões éticas, técnicas e estratégicas para um setor que depende de transparência e confiança entre marcas, afiliados e consumidores.
A Descoberta e Suas Implicações
Ao analisar dados de performance em redes de afiliados, especialistas da PartnerCentric encontraram algo curioso: em certas buscas orgânicas realizadas no Bing, os resultados apresentados aos usuários redirecionavam, de forma velada, para links de afiliados controlados pela própria Microsoft.
Essa prática, chamada de affiliate cloaking, ocorre quando links afiliados são mascarados para parecerem genuínos ou puramente informativos. Embora esse tipo de redirecionamento seja permitido sob certos termos e condições, a falta de transparência de um grande motor de busca – que também atua como árbitro de classificação – cria um claro conflito de interesses.
Por que isso é relevante? Os motores de busca, ao operar com práticas que favorecem seus próprios interesses comerciais, comprometem a integridade do ambiente de pesquisa. Os usuários confiam que resultados orgânicos sejam imparciais, enquanto anunciantes e afiliados dependem de critérios claros para suas estratégias de SEO.
Bing e o Momento Turbulento dos Motores de Busca
Esse caso surge em um contexto de crescente instabilidade para o setor de afiliados. Nos últimos meses, o Google lançou múltiplas atualizações visando limitar práticas de SEO abusivas, mas que, em contrapartida, causaram um terremoto na visibilidade de páginas de cupom e conteúdo afiliado.
A postura do Bing segue outro caminho, mas igualmente polêmico. Em vez de limitar ou penalizar, ele parece estar integrando ativamente sua própria monetização de afiliados nos resultados orgânicos, algo que é visto por muitos como desleal à comunidade de parceiros.
Tom Rathbone, analista-chefe da PartnerCentric, compartilhou seu ponto de vista:
“É um movimento arriscado. Embora possa ser uma estratégia para capturar maior receita no curto prazo, Bing corre o risco de alienar afiliados e parceiros confiáveis que constroem valor para sua plataforma.”
Por Que Agora?
A concorrência feroz entre Big Tech, a crescente popularidade de mecanismos alternativos como DuckDuckGo e Neeva, e a integração de ferramentas de IA nas buscas podem explicar a necessidade de motores de busca maximizarem monetização. A chegada da IA generativa – e o alto custo de sua implementação – está pressionando essas empresas a explorarem novas fontes de receita, mesmo que controversas.
No entanto, especialistas alertam que práticas como essas podem ser prejudiciais a longo prazo. Quando as linhas entre conteúdo orgânico, anúncios e interesses corporativos se confundem, a confiança do usuário e a viabilidade do marketing de afiliados podem ser severamente impactadas.
E Agora?
Enquanto o setor digere essa notícia, uma coisa é certa: o marketing de afiliados enfrenta uma reestruturação forçada pelas ações de motores de busca. Para anunciantes, afiliados e profissionais de SEO no Brasil, o momento exige adaptação. Avaliar alternativas como redes emergentes e explorar mercados menos dependentes de gigantes como Bing e Google pode ser uma saída estratégica.
“O futuro do marketing de afiliados pertence a quem puder se adaptar – com criatividade, ética e uma abordagem mais descentralizada.”